Para fazer frente às despesas do início de ano, os brasileiros sacaram R$ 11,232 bilhões líquidos da caderneta de poupança em janeiro, informou o Banco Central.
O montante é o segundo maior da história para o mês de janeiro, perdendo apenas para os R$ 12,032 bilhões sacados em janeiro de 2016. A série histórica do BC começou em janeiro de 1995.
Os saques líquidos registrados no mês passado refletem, em grande parte, a necessidade de recursos para pagar despesas como IPTU, IPVA, matrículas e materiais escolares.
Janeiro já é, tradicionalmente, um mês em que as famílias retiram recursos da caderneta, sendo que muitas vezes a origem do dinheiro é o 13º terceiro salário pago em dezembro.
A diferença é que os R$ 11,232 bilhões líquidos retirados da caderneta em janeiro deste ano é mais que o dobro do montante registrado em janeiro de 2018 (R$ 5,201 bilhões). Foram R$ 205,905 bilhões em saques no mês passado, contra R$ 194,673 bilhões em depósitos.
Considerando os rendimentos de R$ 2,940 bilhões na poupança em janeiro, o saldo global da caderneta chegou aos R$ 788,989 bilhões. No fim de 2018, este saldo estava em R$ 797,281 bilhões
RECUPERAÇÃO
Em função da crise econômica, a caderneta registrou saídas líquidas em 2015 e 2016, mas iniciou um processo de recuperação no ano seguinte.
Em 2018, em meio à relativa retomada do emprego e da renda, a poupança fechou o ano com captação líquida de R$ 38,260 bilhões.
Essa procura maior pela poupança no ano passado ocorreu apesar de a rentabilidade ser, atualmente, inferior ao visto em anos anteriores.
Hoje a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está próxima de zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros da economia). A Selic, por sua vez, está em 6,50% ao ano desde março de 2018. Na noite desta quarta-feira, o BC anunciará o novo patamar da Selic, mas a tendência é de que a taxa não mude.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). Esta remuneração, mais elevada, deixou de valer em setembro de 2017, quando a Selic passou para abaixo do nível de 8,50%.
BRASIL
Apesar dos resultados positivos da caderneta nos dois últimos anos, os brasileiros ainda não têm o hábito de guardar dinheiro.
Dados do Banco Mundial mostram que, em 2017, apenas 32% dos brasileiros com mais de 15 anos de idade guardaram alguma quantia de dinheiro - seja na caderneta, seja em qualquer outra aplicação financeira. A média global é de 48% e nos países de alta renda o porcentual é de 73%.
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