Pensar e estimular o consumo consciente, avaliar o impacto de todo a cadeia de produção e consumo e construir processos que gerem desenvolvimento sustentável - o varejo tem alguns papéis fundamentais na construção de uma economia mais verde.
Pensando na redução do uso de plástico, muitas redes vêm adotando, por exemplo, o sistema de venda a granel - em que o consumidor pode levar sua própria embalagem para adquirir itens, como cereais, farináceos e castanhas. Outra atitude interessante é o reuso de embalagens, como a Natura que vende refis.
Dados recentes, levantados pela consultoria Euromonitor, apontam que 20% dos brasileiros se consideram ecofriendly. Ou seja, compram de marcas que cumprem compromissos contra as mudanças climáticas, defendem o comércio justo e cadeias de produção sustentáveis.
Outra pesquisa reforça esse movimento. Dados da Nielsen, divulgados em julho de 2019, mostram que o consumidor está concretizando hábitos que antes eram tendências. Mais atentos aos produtos e as ações das marcas em relação ao meio ambiente, 94% dos entrevistados consideram muito importante as empresas adotarem programas que contribuam com a natureza.
Muito glamourizada, a indústria da moda, por exemplo, passou a ser questionada. A categoria é a segunda que mais polui o meio ambiente e enfrenta muitos desafios para diminuir o impacto ambiental. Além de utilizar recursos naturais, não existe um trabalho de reposição equivalente ao que é gasto anualmente para produzir as peças.
Em 2015, o Grupo Malwee lançou seu Plano de Sustentabilidade 2020 com a meta de reduzir 20% a emissão de gases de efeito estufa até 2020. A meta, entretanto, foi atingida ainda em 2017.
O Grupo acumula uma série de investimentos para reduzir o impacto de suas atividades no meio ambiente.
Primeira marca de moda brasileira a assinar o termo de compromisso de uma campanha lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Malwee se comprometeu em alinhar seus negócios às metas baseadas em estudos científicos internacionais.
A iniciativa busca engajar grandes empresas com a meta de limitar o aumento da temperatura média mundial a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e chegar ao objetivo de zero emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) antes de 2050.
“Não podemos ignorar a emergência climática que vivemos hoje. Por isso, nossa adesão resulta em traçar metas ainda mais ousadas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa e, ao mesmo tempo, estimular nossa cadeia e os demais players do nosso setor a se engajarem nessa jornada”, explica Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee e Embaixador do Clima da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Em dezembro, Weege apresentará os avanços da empresa e do Plano de Sustentabilidade 2020 durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP25), no Chile.
EMBALAGEM RECICLÁVEL
Queridinha das consumidoras modernas, a Amaro, marca digital de moda, quer repensar o uso de plástico na cadeia da marca, inclusive em itens de vestuário.
Em sua mais recente ação, a empresa aposta em um modelo de embalagem que substituirá plástico virgem por matéria prima descartada na costa brasileira. A iniciativa integra um conjunto de ações que incluem também outros dois modelos de embalagens sustentáveis - a sleeve packaging, envelope 100% reciclável já utilizado em 50% dos pedidos, e as caixas de papelão com o selo Eu Reciclo, que certifica a logística reversa de uma porcentagem dos pedidos enviados dentro delas.
"Temos muitas ações planejadas para reduzir o uso de plástico ao longo dos próximos anos, principalmente no que diz respeito a materiais virgens e produção de resíduos. Também estamos revisando cada produto da cadeia para entender onde temos oportunidades de fazer substituições mais sustentáveis", explica Denise Door, diretora de branding e marketing da Amaro.
RENOVAÇÃO AOS 40 ANOS
Com uma matéria-prima um tanto problemática, a Melissa, marca de calçados plásticos e acessórios, passou a criar um conteúdo exclusivo para seus consumidores sobre sua jornada em sustentabilidade.
Foi apostando em operações ecoeficientes para reduzir o impacto na produção de novas Melissas, a empresa chegou a uma fórmula em que o plástico da Melissa reúne uma série de atributos de sustentabilidade: é 100% reciclável, vegano, pode ser reutilizado inúmeras vezes e possui material de origem renovável em sua composição.
A empresa também cultiva o plantio de mais de quatro mil árvores em torno da fábrica de Sobral, no Ceará, com o objetivo de melhorar o microclima na região. Além disso, segue um planejamento hídrico de, até 2020, reutilizar e tratar 100% de seus efluentes líquidos, eliminando qualquer desperdício de água de sua cadeia produtiva.