A economia pode despencar mais de 10% este ano como consequência da crise da covid-19. Reerguer o país depois desse tombo vai exigir uma série de estímulos ao investimento e à geração de emprego, segundo Alfredo Cotait Neto, presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
O dirigente pede ações rápidas dos governos federal e estaduais que possibilitem a liberação mais eficiente de crédito principalmente para as micros e pequenas empresas, além de programas que estimulem a reativação de setores como o da construção civil, que é um grande empregador.
“As PPS [Parcerias Público-Privadas] devem ser usadas para incentivar os grandes geradores de empregos. Dentro do estado de São Paulo, vejo a necessidade de usar melhor o Banco do Povo para ampliar o número de linhas de crédito”, disse Cotait durante participação no Fórum Paulista de Desenvolvimento (Fopa), que acontece ao longo desta terça-feira, 30/06.
O presidente da Facesp falou ainda da necessidade de postergação da cobrança de impostos para dar mais fôlego aos empresários, que estão com grandes problemas de capital de giro e dificuldade de acesso ao crédito.
São ações que precisam ser bem planejadas. Desonerações e postergações na cobrança de tributos podem ser difíceis em um momento em que a dívida pública deve bater 100% do PIB. Mas, segundo Cotait, sem esses estímulos, não haverá retomada da economia.
De acordo com o dirigente, nesse momento de arrecadação baixa, a tentação dos entes públicos é buscar meios para recompor o erário, algo que, segundo ele, não pode ser feito via aumento de tributos.
“O Congresso não pode ter essa tentação. Tramita no Legislativo a proposta de aumentar impostos sobre lucro e dividendos e sobre patrimônio. Aprovar isso seria como taxar os investimentos”, disse.
DECEPÇÃO
Cotait falou que a pandemia interrompeu a retomada da economia que se iniciava em 2019. “Tínhamos implantado um modelo liberal. As perspectivas eram boas com a aprovação do Cadastro Positivo, a Empresa Simples de Crédito, a reforma da Previdência.”
Mas veio a pandemia, e a reação inicial a ela, segundo o dirigente, foi equivocada, principalmente no âmbito estadual. “Após 30 dias de restrições ao comércio, alertávamos o governo paulista que o interior do estado não precisava ser totalmente fechado.”
Para ele, em cidades menores, onde casos do novo coronavírus ainda não existiam, o comércio poderia ser mantido aberto.
“Após 70 dias de quarentena, o governo de São Paulo resolveu flexibilizar, mas aí o vírus já havia avançado para o interior, e comércios abertos tiveram de ser fechados novamente, complicando ainda mais a situação das empresas nessas regiões.”
Cotait entende que a reabertura deveria considerar a realidade de cada cidade, e não de cada região.
“Após 100 dias de restrições, o quadro é desolador. As quedas na renda e no emprego são brutais, deixando o consumidor retraído. Pequenas empresas estão descapitalizadas e muitas delas fecharam as portas.”