A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus reduziu o ímpeto dos brasileiros às compras pelo quarto mês consecutivo, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 4,0% em julho ante junho, para 66,1 pontos - o menor nível desde o início da realização da pesquisa, em janeiro de 2010. Na comparação com julho de 2019, o indicador também registrou o quarto recuo seguido, com uma queda de 26,4%.
O ICF permanece abaixo do nível de satisfação, de 100 pontos, desde abril de 2015. Todos os componentes do ICF registraram queda em ambas as comparações. Na passagem de junho para julho, a perda menos aguda foi a do item Momento para compra de bens de consumo duráveis, -0,7%.
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No entanto, esse componente tem o patamar mais baixo de todos os investigados, 39,0 pontos. A avaliação sobre o Emprego atual caiu 3,6%; Perspectiva profissional, -2,9%; Renda atual, -5,9%; Acesso ao crédito, -5,2%; Nível de consumo atual, -6,8%; e Perspectiva de consumo, -1,8%.
Na comparação com julho de 2019, o tombo foi generalizado: Momento para compra de bens de consumo duráveis, -36,2%; Emprego atual, 26,2%; Perspectiva profissional, -33,8%; Renda atual, -26,0%; Acesso ao crédito, -2,5%; Nível de consumo atual, -30,2%; e Perspectiva de consumo, -31,4%.
Com relação aos níveis de consumo, 62,6% das famílias relataram terem consumido menos em julho de 2020 do que em igual período do ano passado, o maior porcentual desde novembro de 2016.
A piora na avaliação do componente Nível de consumo atual está ancorada "em um comportamento de consumo mais precavido das famílias, em função das incertezas econômicas e seus efeitos no longo prazo", avaliou a economista da CNC responsável pelo estudo, Catarina Carneiro da Silva, em nota oficial.
Os indicadores referentes ao mercado de trabalho corroboram o cenário desfavorável: a parcela de brasileiros que se sentem menos seguros com o seu emprego atingiu novo recorde, aos 33,7%. Aumentou também o total de famílias que consideram a renda atual pior do que no ano passado, 40,7%, ante uma fatia de 37,9% em junho.
Segundo Catarina, os dados de julho da ICF reforçam que o mercado de trabalho foi significativamente afetado pela crise da covid-19. "Essa insatisfação dos brasileiros com emprego e renda já está impactando as perspectivas em relação ao futuro profissional para os próximos seis meses", disse a economista da CNC.
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